O que está acontecendo com o jogos de corrida arcade?

Jogos de corrida sempre foram um gênero pungente em todas as gerações de vídeo games. Não há uma geração que não tenha seus títulos referenciais. Porém é gritante o quanto a geração atual está devendo à este gênero. Desde o Atari, o joystick reserva um tempo para que seus botões acelerem, freiem e que o ronco característico das mais incríveis máquinas ressoem nos auto-falantes e headsets.

Poucos players ou quase ninguém reagiria à referência de Magical Sound Shower composta por Hiroshi Miyauchi ao ouvir por aí. Mas é certo o que Las Vegas de Barry Leitch, Get low de Lil Jon & the Eastside Boyz, Panamá de Van Halen e Real Big de Mannie Fresh despertam em diversos jogadores um grande sentimento.

O sentimento genuíno de grandes e emocionantes jogos em que a diversão literalmente corria, com seus carros tunados, histórias e desafios interessantes. Nem sempre se tratava de gráficos, mas eles estavam lá!

De Enduro à The Crew Motorfest, os jogos de corrida arcade mudaram e muito. Saíram de uma era dourada, com modelos desejados, customizações dos sonhos, trilhas sonoras e histórias de ‘mocinho e bandido’ com personalidade, para uma automatização de “carros top”, vibe simuladora das pistas, cores esfuziantes e discursos banais em histórias que ninguém quer ouvir.

Época de ouro

A variedade de títulos entre 1992 e 2006 consagrou estúdios e eternizou franquias, que infelizmente, se perderam. Ressalto aqui, entre jogadores da velha guarda e novatos, que jogos de corrida arcade nunca tiveram compromisso com fidelidade, seja em qual campo. Mas todos tiveram base e contexto para despertarem no jogador a vontade de correr e de percorrer aquele universo, aquela história.

Voltando um pouco no tempo, aquela tara por velocidade estava presente no saudoso Top Gear, que não era nada mais, nada menos que um Enduro anabolizado. Mas aquela música sintetizada e aquele desafio de correr com uma “Ferrari Testarossa” à mais de 200km/h ativando um nitro e lendo o balaõzinho de frase na tela dizendo “let’s go!”, como se fosse o piloto gritando aquilo, era o gatilho da diversão! E estamos prestes à reviver esta emoção na coletânea Top Racer que a QUByte Interactive nos trará em março, como acompanhamos e mostramos aqui pra vocês!

Não que naquele tempo jogos de corrida arcade se resumissem à Top Gear para me referir aqui, nesta reflexão. Mario Kart, Daytona USA, Sega Rally, Ridge Racer, Cruis’n USA e Ayrton Senna’s Super Monaco GP II são parte de grandes títulos que jogávamos, mas talvez, tenhamos em Top Gear seu representante mais icônico.

Olhando para o começo deste século, o sucesso de Need for Speed Underground, por exemplo, se dá ao fato do contexto da época. Sua base vem do sucesso nos cinemas de Velozes & Furiosos e o que o cenário automobilístico da época em que revistas automobilisticas mostravam carros customizados como do cinema eram uma realidade das ruas entre 1 ou outro modelo esportivo que era possível flagrar nelas. Equipar um carro já não se resumia em rodas esportivas, som e insul-film.

Jogos daquela época sempre tinham um convite ao jogador. Lembro me muito bem que Need for Speed Underground tinha no menu principal a animação de um Nissan GT-R R34 “Skyline” laranja, rodando suavemente ao som de Get Low enquanto você navegava pelas opções do menu. Aquilo já era uma provocação para quem havia assistido ao segundo filme da franquia Velozes & Furiosos, ainda mais ao iniciar o jogo e descobrir que o famoso modelo japonês de apelido “Godzilla”, era um dos últimos à desbloquear na campanha.

Sem falar que a animação inicial do jogo, depois daquela vinheta característica da THX com efeito sonoro ímpar, entrava uma animação de um Mitsubishi Eclipse GT similar ao do “Brian O’Connor” no primeiro V&F, roncando e correndo pelos tuneis e avenidas enquanto recebe peças de performance e acessórios, numa perfeita repaginada tuning, culminando em um pega contra um Toyota Supra, drifitando nas curvas e espirrando seus turbos à cada retomada!

Aquilo na mente de um jogador naquela época era um convite irrecusável e o jogo com sua história de “rachador nas ruas” prendia o jogador à avançar à cada corrida, fazer dinheiro e fazer upgrades no seus carros. Sabe quantas pessoas estão por aí na internet clamando um remake deste título? milhares!

Need for Speed já era uma franquia com tradição em sua trajetória nos anos 90. Mas foi em 2005, no fim da 6ª geração de consoles quando a EA trouxe o que muitos consideram, senão o melhor, o segundo melhor título de toda a franquia: Most Wanted que a franquia não só cresceu, como ganhou mais força no gênero.

A velha fórmula do mocinho com atitude de vilão estava presente, com a premissa de correr ilegalmente, ganhar carros e figurar a lista de mais procurado da polícia. Tem um temperinho de 60 Segundos aqui nas homéricas perseguições da polícia, que são muito bem conduzidas pela IA do jogo, o que te prende cada vez no jogo para retomar a posse da icônica BMW M3 GTR que lhe foi tirada.

Rumores que expressam fatos

Há um rumor sem muitas comprovações, de que um remake deste jogo está à caminho. Ganhou muita força no fim de 2023 com um vídeo do canal ODATA Cinema no youtube intitulado “Welcome to ROCKPORT Need for Speed Most Wanted Remake 2024” que reproduz fielmente a cidade, seu clima e a BMW M3 GTR abandonada num pátio na cidade no qual o criador se reproduz na animação observando o carro, tendo flashes de seus dias de glória vindo à tona. Tudo muito emocionante como o jogo é e seria crível se não fosse aos 0:12 de cena uma das placas da cerca do pátio e a tela do smartphone aos 1:34 não estivessem em russo, teria ganhado validade suficiente como trailer vazado.

Seu criador inclusive, por conta das mais de 10 milhões de visualizações que o video alcançou em menos de 2 meses resolveu fazer uma série à respeito.(Click aqui para assistir ao primeiro episódio)

Existiu também, em 2017, um forte rumor sobre Midnight Club: Los Angeles ganhar uma remasterização vindo de um usuário do reddit que alegou ter “encontrado” um material no website Xbox Live, sob o perfil de um desenvolvedor no qual algumas imagens foram exibidas. O perfil em questão apontava um dev de nome tweedycrowd727 no qual nas imagens, ele aparece como “player” identificado no canto superior direito.

Porém fãs notaram controvérsias com outra foto mostrando a tela inicial em que exibe a traseira de um Mustang do ano 2015, sendo que o título original não continha este modelo por questões óbvias. O músico Markus Kienzl chegou à postar em seu instagram em 2022 que a Rockstar tinha comprado os direitos de sua música Dundy Lion feat. Paul St. Hilaire para ser usada no trailer e na gameplay do remaster em desenvolvimento para a nova geração, mas depois apagou o post.

Usuários acreditam que tenha sido a “recompra” dos direitos, pois o game segue nos serviços da Microsoft para compra até hoje e é necessário renovar as licenças de tempos em tempos.

O que tudo isso nos diz, senão a gana dos jogadores em voltar à jogar grandes clássicos e a vontade de jogar grandes jogos de corrida como antigamente?

Mudanças seguindo tendências

Mas de algum tempo para cá, jogos de corrida arcade tem sido rarefeitos. Não faz muito tempo que jogos de corrida simuladores tem ganhado mais destaque e mais oferta nos consoles e parece que os players tenham aceitado e comprado a nova onda de que jogos de corrida precisam ser mais “criveis”. Em meados dos anos 90 e inicio deste século, vimos simuladores como “a majestade” Gran Turismo, Forza, TOCA Race Driver e Dirt. apresentarem suas versões e em alguns casos, se adaptarem à uma pegada mais arcade.

O que é Dirt 5 com suas Gymkhanas, TOCA Race Driver ter virado GRID e trazido GRID Legends e Project CARS 3 senão, à grosso modo, claramente intencionados em angariar os fãs das corridas arcades, num momento de escassez no gênero?

Sim, escassez! Olhando o cenário de hoje, temos apenas The Crew, NFS e Forza Horizon presentes nas últimas gerações alimentando suas franquias e sabemos, sem muito do sucesso de antes. Tivemos surpresas sim, na cena indie com Horizon Chase, uma homenagem à franquia Top Gear. Bem como os divertidos Wreckfest e Gravel, que saem da caixa pelo momento, lembrando que certos temas podem ser divertidos também.

É com surpresa ver que The Crew Motorfest fez um certo sucesso, alcançando a nota 76 no metacritic, mas ao olhar também para os números, nós sentimos a má fase que o gênero enfrenta. A Ubisoft alega que o título vendeu mais do que seus antecessores na primeira semana, sendo que The Crew 2 alcançou por volta de 282 mil cópias na primeira semana de lançamento.

Onde esses números pra um jogo deste porte e visivelmente bem produzido, pode ser impressionante e apontar um caminho? Nem perto do que costuma acontecer com seus concorrentes, como títulos da franquia Need for Speed por exemplo que no seu último penúltimo título, Need for Speed Heat, vendeu cerca de 2.3 milhões de cópias. O último, Unbound, foi recebido com críticas mistas e até pelo que se sabe por enquanto, não emplacou.

Futuro incerto?

Olhando no horizonte, há uma certa expectativa que o gênero retorne à relevância. Neste ano está previsto chegar um novo e promissor capítulo da franquia Test Drive, do qual já notíciamos aqui e que promete um mapa de Hong Kong em tamanho real! Até onde isso vai ser interessante? Saberemos em breve.

A Playground Games está planejando alguma coisa para a franquia Forza Horizon, inclusive recrutando para a equipe de áudio. Wreckreation, Assetto Corsa 2 e Japanese Drift Master são alguns títulos prometidos para este ano, mas, podem eles resgatarem a velha faísca e cairem nas graças dos fãs do gênero?

E você? O que você espera do gênero? Diga-nos, aí nos comentários!

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