Somerville – Jumpship

Quando em 2021, eu fiquei sabendo de Somerville, eu quis muito jogar. Eu gosto dos indies e especialmente de estúdios e profissionais dos quais eu sei que entregam coisa boa. O título é o primeiro jogo do estúdio Jumpship, que tem entre seus fundadores Dino Patti, co-fundador do estúdio Playdead e que produziu os clássicos indies Limbo e Inside. É o típico título que eu considero como “indie de luxo”, quando segue um alto nível de beleza e experiência.

História

Somerville traz a história de um pai de uma linda família com uma esposa, um filho e um cachorro, morando numa bela casa afastada da cidade que numa noite se vê em meio ao caos de uma invasão alienígena. Ao tentar proteger sua família este pai sofre um ataque psíquico em contato com um alienígena à beira da morte que aparentemente causa sua “morte”.

Daí então ele desperta em sua casa destruída por aquele caos, sem sua família, apenas com a cia do fiel cão e com poderes alienígenas. É o início de sua saga!

Jogabilidade e detalhes técnicos

Confesso que fui pego de surpresa pela jogabilidade de Somerville, que é bem amarrada. O hud é limpo e infelizmente não há de forma clara e eficaz o apontamento das regiões de interação. O jogo tem seu roteiro conduzindo a linearidade através dos belos cenários de forma à ir introduzindo os detalhes daquela situação aos poucos para o jogador. O clima soturno dos primeiros 20 minutos lembra muito um trecho do filme Guerra dos Mundos(2005).

A introdução é cinematográfica e a beleza que a direção de arte nos traz no game é excelente. A trilha sonora encaixa perfeitamente e a execução sonora, muito boa!

Porém, foi decepcionante encontrar o jogo com bugs que comprometem o storytelling e infelizmente o jogo não é nada intuitivo, o que compromete muito a experiência. Não que eu seja grande fã de longos e detalhados tutoriais de inicio nos jogos, mas dentro de um jogo com movimentos e comandos limitados, ou deveríamos ter nas opções um mapa dos controles para que o jogador pudesse consultar e entender o que pode ou não responder, ou então, durante cada primeira interação diferente com comandos, um breve apontamento e explicação, como “objetos de tal cor são interativos, aperte X” ou “Aperte L2 e direcione a luz com o L3”.

Isso gerou minha primeira morte no jogo, na situação mais besta possível, porque o jogo não me indicou todos os comandos e movimentos que eu poderia fazer naquele momento. Foi fácil descobrir no chance seguinte, mas era necessário?

Há um outro momento em que após atravessar um rio, fica quase imperceptível o ponto de interação em amarelo, com uma manivela, por ela estar muito escura, quase que escondendo a cor da interação. Falta de atenção?

O controle do personagem também é comprometido. Controlar ele na maioria das vezes é bem dificultoso, impreciso. Aliás, caminhar/correr com o personagem é bem inconsistente porque é o jogo que decide e muito mal, quando isso ocorre. Então temos um inicio bem lento e depois o ritmo oscila devido algumas partes terem vigor narrativo.

Bugs são esperados, mas é engraçado e ao mesmo tempo frustrante como o que aconteceu comigo neste gameplay que gravei para vocês, num momento crucial de storytelling um bug corta e estraga a narrativa dele e eu passo à rir, de nervoso, pelo controle que tenho sobre o resultado do bug. Não é o fim do mundo, mas assistir e entender a estória faz parte da experiência.

Mas isso não estraga inteiramente a gameplay. O jogo apresenta puzzles bem inteligentes e interessantes, há momentos mágicos por conta deles o que te leva à uma bela viagem, principalmente nos capítulos finais. Não vou entrar em detalhes dando spoilers do que a história apresenta, mas é muito louco a evolução dos poderes do personagem que permite em certo momento te proteger de um “trânsito” e uma possível tragédia. SEm falar de animações icônicas dos momentos de storytelling

E o veredicto é…

Somerville deveria ser, tanto para o currículo de Dino Patti, como para a Jumpship, um excelente indie. Era para estar no mesmo patamar que os títulos anteriores citados. Tem belo design, bom enredo e proposta de puzzles interessante. Mas infelizmente não faz jus aos seus “antecessores”.

O jogo é curto, tem seus problemas bobos, que valem de uma correção e talvez por isso, por essa falta de zelo, eu considere que não cause a impressão de um título imperdível. Mas ele é e te vai revelar isso nos capítulos finais À você amigo platinador, saiba que o jogo não tem platina, apenas um conjunto de troféus para entregar um pacote de 100%. Posso até recomendar que coloque na sua lista de desejos para futuramente adquirir, mas hoje inclusive no preço praticado aqui no BR, não vale à pena. Quem sabe se entrar para o serviço de assinatura, valha visitar o título.

Somerville está disponível para Playstation, Xbox One e Series S/X e PC(Steam).

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