Deathbound – Resenha

Fala pessoal Muu chegando por aqui, mais uma vez “again” de novo e desta vez vou comentar sobre o jogo Deathbound, que segue o estilo soulslike e que chamou bastante nossa atenção durante a gamescom latam 2024 por ser um jogo desenvolvido pelo estúdio brasileiro Trialforge Studio.

Deathbound é um jogo único de estilo soulslike, cooperativo e ambientado em um mundo cruel onde a Fé e a Ciência entram em conflito. A cidade proibida de Akratya é uma terra impiedosa que não se pode conquistar só. Una-se aos guerreiros caídos encontrados ao longo da sua cruzada e transforme-se dinamicamente em outros personagens durante o combate, com o exclusivo sistema de 4 heróis.

Os caídos são personagens com suas próprias habilidades, estilos de combate e ricas histórias. Ao absorver quem são, você incorpora a essência mais profunda deles. Os conflitos e sinergias entre os personagens têm um grande impacto na jogabilidade, portanto, as relações precisam ser equilibradas. Fortes sinergias podem oferecer bônus de combate, que podem ser a chave para derrotar o implacável chefão à espera da sua espada e magia.

Durante o combate, você carregará um medidor de sincronia que é compartilhado entre os personagens. No momento oportuno, ative seu medidor de sincronia e lance um devastador golpe metamórfico com o poder combinado dos guerreiros caídos. Diante de uma abominação terrível, um golpe metamórfico executado com precisão pode ser o fator decisivo entre a vida e a morte.

O mundo de Deathbound foi carinhosamente criado e influenciado pela terra natal dos desenvolvedores, o Brasil, uma cultura vibrante e cheia de vida, criatividade, ritmo e uma rica história. Da arte marcial afro-brasileira, a capoeira, à música contagiante que permeia Akratya, as origens da Trialforge se fazem presentes em cada aspecto de Deathbound.

Opinião sobre o jogo Deathbound:

Nos últimos anos, à medida que mais jogos no estilo soulslike surgiram, ficou cada vez mais claro que a fórmula criada pela FromSoftware é difícil de ser replicada. Algumas desenvolvedoras conseguiram lançar bons jogos nesse subgênero de RPG de ação, mas outras acabaram sendo criticadas por falhas em aspectos técnicos fundamentais.

Mesmo sabendo dos desafios, como um grande fã do estilo, eu sempre procuro experimentar cada novo título que surge. Por isso, quando descobri que o estúdio brasileiro Trialforge Studio estava desenvolvendo Deathbound — um soulslike que prometia trazer uma abordagem única — fiquei imediatamente interessado.

Depois de dedicar um bom tempo ao jogo, posso dizer que Deathbound me surpreendeu de forma positiva com algumas de suas mecânicas e pela sua história envolvente. No entanto, erros críticos de design e problemas técnicos impedem o jogo de alcançar o mesmo nível de qualidade dos melhores títulos do gênero que não foram feitos pela FromSoftware.

Narrativa do jogo

A narrativa se desenrola em um mundo onde o conflito entre religião e ciência deu origem a uma guerra interminável. Após uma breve cena inicial, o jogador assume o papel de Therone, um cavaleiro da Igreja da Morte, encarregado de investigar um laboratório de um culto acusado de realizar experimentos científicos em humanos, criando criaturas horrendas.

Durante um confronto com um desses guerreiros, Therone cai em um buraco e encontra o corpo da assassina Anna Lepus. Ao tocar na essência dela, ele a absorve, junto com suas memórias e poderes. A partir daí, ambos passam a compartilhar o mesmo corpo e decidem buscar respostas sobre como chegaram a essa situação.

Sistema de Combate

Esse evento introduz o sistema de combate de Deathbound. Ao longo do jogo, Therone encontra outras essências de guerreiros, cada uma com suas próprias características e estilos de combate. A cada nova essência adquirida, um breve tutorial apresenta as mecânicas do personagem e sua história dentro do contexto do jogo.

Uma sacada interessante do jogo é mostrar diferentes perspectivas das facções envolvidas no conflito. As interações entre os personagens revelam as várias visões de mundo, o que pode influenciar em algumas missões ao longo da história, permitindo que o jogador compreenda melhor os lados em disputa.

Os personagens têm conflitos e sinergias entre si, com quatro deles podendo ser equipados simultaneamente. Ao combinar essências que compartilham ideais semelhantes, o jogador recebe um bônus, enquanto grupos formados por personagens com visões opostas resultam em efeitos negativos.

Entre os estilos de combate, o de Mandile Ogatê, inspirado na capoeira, é talvez o mais conhecido por aqueles que acompanharam o desenvolvimento do jogo. Além dele, há outros personagens que variam entre combatentes, guerreiros, magos, feiticeiras, assassinas e lanceiras.

O sistema de combate permite alternar entre os quatro personagens escolhidos durante as batalhas. Com exceção de alguns anéis e artefatos, os equipamentos e habilidades não podem ser trocados, o que exige que o jogador planeje cuidadosamente seu grupo para cada confronto.

Habilidades Diversas

Os pontos de experiência adquiridos são usados para desbloquear habilidades passivas exclusivas de cada essência ou outras habilidades que podem ser compartilhadas entre todas elas. Além disso, pontos especiais encontrados durante o jogo através das memórias dos personagens permitem desbloquear passivas que alteram significativamente suas habilidades básicas.

Um elemento central do combate é a barra de sincronia, que é carregada ao acertar os inimigos. Essa barra permite alternar entre os personagens e realizar ataques especiais chamados morphstrikes. Quando a barra está completamente cheia, o morphstrike se torna um golpe devastador que deixa o personagem imune durante sua execução.

Outro aspecto interessante do jogo é o sistema de cura compartilhada entre os personagens. Ao usar um item de cura, a vida dos outros três personagens é drenada. No entanto, acertar ataques com um personagem faz com que a vida dos outros se regenere. A energia (equivalente à estamina) também é compartilhada entre os personagens, limitando-se à quantidade de vida disponível.

Essas mecânicas ajudam a equilibrar o sistema de combate, mas também criam momentos em que a troca de personagens se torna quase obrigatória, o que pode ser confuso em batalhas intensas e limitar a liberdade do jogador para se concentrar em seu personagem favorito.

Jogabilidade

A movimentação e animação dos personagens são pesadas, e a esquiva, que varia entre eles, não é confiável o suficiente para evitar a maioria dos ataques inimigos. Esquivar no momento certo concede um bônus de sincronia, mas, como muitos guerreiros não têm habilidades de bloqueio, a limitação de energia de acordo com a vida torna difícil executar esquivas sucessivas.

Para piorar, o design do HUD é confuso, dificultando a visualização da vida e energia de cada personagem durante as lutas. Além disso, os atalhos para alternar entre consumíveis são complicados, o que torna difícil o uso de diferentes itens de cura e arremessáveis em situações de risco.

Embora haja uma boa variedade de cenários e atalhos, o mesmo não se pode dizer dos inimigos. A pouca diversidade e o excesso de inimigos que atacam de média e longa distância, aplicando efeitos de status, tornam algumas sessões frustrantes. Encontrar o equilíbrio entre desafio e justiça continua sendo um dos maiores desafios para jogos soulslike.

Nem Tudo São Flores…

Uma das piores lutas contra chefes que já experimentei em um jogo do gênero ocorre em Deathbound, em uma sequência de salas apertadas, onde o chefe convoca inimigos enquanto lança ataques em área e de dano contínuo.

Além disso, problemas técnicos comprometem ainda mais a experiência. As hitboxes inconsistentes fazem parecer que os ataques inimigos atingem o jogador antes mesmo de serem completamente realizados. O jogo sofre com engasgos durante as lutas, dificultando a esquiva de golpes inimigos. Sem falar nas vezes em que os ataques atravessam paredes e atingem o jogador em locais improváveis.

Outro ponto a se destacar é a ausência de dublagem em português brasileiro. Embora muitos possam considerar isso um problema, as vozes em inglês são de boa qualidade. As legendas em português estão bem adaptadas, mas erros na tradução de alguns itens atrapalham a compreensão de suas funções.

Considerações Finais

No fim, apesar dos pontos positivos, os problemas de Deathbound acabam pesando mais. Se os problemas apontados nesta análise forem corrigidos, o jogo tem potencial para se tornar um ótimo soulslike. No entanto, no estado atual, ele só justifica o investimento pela curiosidade de experimentar um título desenvolvido por um estúdio brasileiro com um personagem capoeirista, ou por seu preço acessível.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Tate Multimedia.

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