Luto é uma coisa séria. Ninguém sabe quanto tempo pode durar. Para alguns é uma dor à ser convivida até o último suspiro, para outros é necessário pouco tempo para desapegar de uma idéia que talvez, tudo dure para sempre.
No caso dos videogames, existe o luto sobre franquias que deixaram de existir, que foram esquecidas e que alguns gamers ainda tem esperança de um remake, reboot ou retorno com alguma sequência. Mas também existe um comportamento de práticas e vivências que experenciamos ao logo de décadas e hoje já não existem mais, mas deixou viúvas.
E pelo menos aqui no Brasil, esse comportamento é danoso, não só pelo mercado que conquistamos, mas pelo mercado e cenário que queremos ver crescer cada vez mais, agora que com o Marco Legal dos Games e os efeitos esperados com chegada dele.
Guerra de Consoles
Na época do PS2, não existia na comunidade uma divisão sobre a guerra de consoles, que sempre existiu mas que até então dominava o campo técnico da coisa. Todo mundo queria criar o melhor console, com o melhor sistema e com a melhor biblioteca de games possível.
Existia a exclusividade, mas existia também a competição, entre o melhor pelo menor preço e nisto a Sony não estava de brincadeira quando em 1995 deu um duro golpe contra a SEGA, nesta guerra. Ela sempre jogu pesado para se estabelecer, mesmo não precisando de muita força para isso.
Quando a 7 geração de consoles chegou, nós tinhamos a consciência de como a maioria da comunidade vivia aqui no Brasil essa realidade: consoles desbloqueados e jogos piratas à 3 por R$10 em qualquer banca de camelô por aí. Porém era o início de novos tempos. Era a popularização dos jogos online nos consoles domésticos.
E com isso dentro da comunidade surgiram as “Viúvas do PS2”, alcunha que significa a mania de querer viver dos tempos de baixo custo que a pirataria proporcionou ao nosso hobby. Eram jogadores que migraram do PS2 ao Xbox 360 pois este permitia o destrave e a continuidade de jogar pagando 3 jogos por R$10.
Querem jogar, mas não querem pagar…
O motivo principal dos seus bolsos, camuflado por qualquer um que seja o motivo que carregam até hoje. A verdade é que uma viúva do PS2 não quer saber de consumir o mercado de games, contribuir para a indústria. Tudo que ele quer é mais por menos, não importa os efeitos negativos deste costume.
O que ele quer é que o trabalho árduo de toda uma cadeia que movimenta essa indústria seja subsidiado ao seu bel prazer. Não importa o quanto custe um jogo, o quanto envolveu de empregos. Se não for tão vantajoso quanto à época de pirataria em que ele gastava pouco e jogava tudo, não tem valor para ele.
E isso fica muito mais patéticamente sério quando é observado que esse “gamer” abraçou a guerra de consoles e a “flame war” como causa para se justificar, para viver uma realidade paralela, que alguns de nós chamamos de “Mundo do Pirulito”(créditos à @Lord_PSMG).
No Mundo do Pirulito, quem não está presente naquela plataforma, jogando os mesmos jogos e tirando vantagem de uma assinatura mensal de jogos, para jogar os lançamentos em day one, é otário. Se você está pagando por uma assinatura para acessar online seus jogos e modos multiplayer, como uma forma de fomentar a existência de um serviço, você é um otário.
Mundo do Pirulito
Mas como você pode ser otário jogando dentro das regras de uma indústria que você quer ver trazendo novos jogos, histórias, conceitos e tecnologia, se você da sua parte aposta nisso pagando o preço justo? Não estou aqui dizendo que serviços de assinaturas são ruins, longe disto, mas as “Viúvas de PS2” pensam exatamente assim de quem critica ou desabona seus métodos.
E se engana redondamente quem acredita que este caboclo aqui defende algum lado à não ser do verdadeiro gamer, daquela pessoa que adotou este como seu hobby preferido e só quer saber de continuar vivendo grandes experiências e com um mercado sendo favorável à isso.
Sendo bem honesto, eu não morro de amores por assinaturas de serviços. Pra mim elas são caras para nossa economia e não entregam a excelência e qualidade que alegam ter. É na verdade um bom produto de nicho. Pra quem está iniciando agora seu primeiro console, é uma boa economia pra jogar tudo que puder e conhecer a biblioteca que aquela geração e plataforma oferece.
Serviços Diversos
Existem diversos perfis de assinatura, com suas condições limitadas ou mais abrangentes. Eu considero apenas o gasto justo, não o injustificado. Claro que não vou defender aqui mega empresa alguma pois não sou acionista, não ganho 1 centavo sequer pelos seu gordos lucros todos os anos. E mesmo no pior cenário, elas lucram!
E digo sobre isso porque são as Viúvas de PS2, que movimentam grande parte dessas engrenagens e desejam que elas se sejam o subsídio que procuram pra sua “malandragem”.
Mas não vá pensando que você é obrigado à nada, o que eu digo é que até aqui tudo funciona como uma troca, eu dou o que você precisa, você me dá o que eu preciso. Isso precisa ser claro e justo. Nem sempre a oferta oferecida é justa, assim como nem sempre a escolha sobre o consumo define o que realmente queremos.
As Viúvas de PS2 são realmente isso, querem viver os anos dourados de um provimento que já morreu, que não volta mais. Não tem “herança”, não tem “pensão”. Recorrer ao ENEBA pode ser vantajoso só pro ENEBA, que vê o crescimento do seu serviço só aumentar e assim seus lucros aumentarem. Mas não fazem os estúdios receberem a fatia justa e que os fazem continuar.
Costume Depredatório
O exemplo mais claro de quem nunca vai se submeter à esse costume depredatório, é a Rockstar.
Ela lança seus jogos no preço que bem entende e mantém pelo tempo que acha que deve manter. Vende e lucra e segue com isso. Ela entrega o que produz e entrega muito. Imagine qualquer jogo dela sobre uma assinatura no day one, ou meses depois do lançamento… Será que assim ela manteria o mesmo nível?
Então, como eu posso querer mais estúdios com jogos de alta qualidade se que não pago por esta qualidade? Como eu posso reclamar à plataforma que eu jogo a sitaução de que ela não entrega um grande jogo ou exclusivo à anos, se eu não dou meu suporte consumindo de forma justa seu catálogo?
Viver de subsidio não tornam as coisas melhores e sim estagnam elas à permanecer no mesmo nível e não avançarem jamais. Não existe almoço grátis e se você quer a mudança, seja parte dela.
Não seja uma “Viúva do PS2”
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