ULTROS – Resenha

Há cerca de 1 ano atrás, um metroidvania totalmente psicodélico caiu no meu radar e “explodiu” minha mente. ULTROS , fantástica criação de Hadoque pela Kepler Interactive passou quase que desapercebido no cenário brasileiro. Num mundo em que toneladas de jogos 2D, sidescrolling, metroidvania ou platformer surgem todos os dias no que ULTROS se destaca? No que ele é acima da média?

Sobre o jogo

Você acorda sem saída após aparentemente ter batido sua nave no Sarcófago, um gigante útero cósmico à deriva no espaço, que abriga um ser ancestral e demoníaco chamado ULTROS. Você está no loop eterno de um buraco negro e precisa explorar o Sarcófago para conhecer seus habitantes e descobrir o seu papel…

Será que você é o ser terrível que vai destruir esse ciclo ou vai virar uma conexão entre a destruição e o renascimento?

ULTROS é ambientado em um reino multiforme, com uma paisagem alienígena ampla e cheia de vida. Fundamentado em ficção científica, ULTROS apresenta um estilo de arte excêntrico e uma trilha sonora mística do visionário El Huervo, conhecido pelo trabalho em Hotline Miami. ULTROS explora metatemas de saúde mental, vida, morte e ciclos cármicos por meio de uma história profunda e narrativa ambiental.

Ao começar o jogo, você se vê num mundo que parece fazer parte de uma visão através de colírio alucinógeno, de tão colorido, viajante e hipnotizante.

Gráficos, sons e jogabilidade

EU SEMPRE vou defender uma concepção visual/artística em um game que sai do habitual, do comum, do “enlatado”. Ultimamente no cenário criativo dos games indies há muito uso e abuso sobre o pixelart. Há quem tira leite de pedra e há quem simplesmente copia algo básico para dar vida.

Mas à um certo tempo, um artista sueco que atende pela alcunha de El Huervo mostrou que no mundo dos videogames a expressão artística poderia ser maior e mais rica e ir além da visão tradicional que já vivíamos no cinema e TV. E aqui parece que os quadrinhos, óleo sobre tela e artes gráficas deram as mãos e criaram vida numa explosão de cores, luzes que juntamente com a trilha sonora de sua autoria, completam a viagem lisérgica.

Nunca um metroidvania antes me instigou e me trouxe para perto de Super Metroid (1994) como ULTROS me trouxe. Aquele ambiente sci-fi interessantíssimo, os controles, o mapa e a mecânica está toda lá ponto à ponto me remetendo ao clássico.

Controles precisos, um mapa de controles bem diagramado e aquela velha catequese de aprender aos poucos como lutar e para que servem cada novo acessório, completam um menu rico favorecendo o gameplay, que eu diria em muitos momentos dinâmicos, pra não dizer perfeitos (desculpem me pelo clubismo).

Nesta perspectiva que trago à vocês , tudo é muito bem amarrado tal como o clássico mencionado. Lembram quando encontrávamos, ao explorar o mapa em SM uma porta que não abria ou um local inacessível por não ter a ferramenta certa ou o upgrade que permite avançar? É igualzinho. Mas há mais coisas além de ferramentas para superar obstáculos.

E o veredicto é…

Dá meu colírio alucinógeno que agora eu quero viajar!

A beleza e a grandeza que um título como ULTROS representa, está visível aos olhos mais atentos. Atentos ao novo, diferente, criativo, poderoso. Não é toda obra que pode contar com a excelência do trabalho de El Huervo que aqui assina também a trilha sonora. Não é todo jogo que impacta tanto outros mercados conectados à arte pop que provoca uma collab com moda streetwear como Bull Airs x Ultros.

E para existir um tênis destes é porque a obra impacta e impacta muito. Eu andei e corri por aquele lindo e maravilhoso mundo combatendo criaturas, plantando espécies de plantas fantásticas, desferindo golpes com espadas diversas, comendo insetos, voando, cortando vegetação e membros de chefões enquanto aprendo com Gärdner, Vaza e Wallet.

Através de Qualia o assunto saúde mental é abordado, após prévias de memória que explicam seu comportamento. Ao conhecer Bruzon você se torna completo nas suas capacidades e à partir daí, tudo o que foi vivido e desenhado no arco aqui, definem o quão viajante é ULTROS.

Ouji é o nome do protagonista, mas nunca é chamado por ele. Viajante do espaço, caçador dentro de sua prisão, testemunha dos mais curiosos e terríveis eventos, salvador de sí mesmo e da esperança…

O roteiro no jogo, direciona nossa jornada através de alguns loops enquanto tentamos conectar 7 criaturas do Sarcófago e isso é uma das mecânicas mais interessantes no jogo, pois ela obriga à pensar com estratégia, pois em todo loop há perda de memória, o que significa que o mundo reboota e suas condições voltam ao início. O que salva essa perda, são “módulos” em forma de cérebros dos quais você coleta pelo caminho e usa eles para fixar uma “proteção” aos upgrades na árvore de habilidades, evitando perder o que é mais vantajoso para recomeçar mais poderoso e tornar mais dinâmica a viagem atrás do tempo perdido.

Com tudo isso certamente eu digo que o fator rejogo de ULTROS é grande até porque acredito que a platina deste jogo deve convidar os amigos trophy hunters à isso, mas sem enjoar.

ULTROS está disponível apenas para PlayStation 4 & 5 e PC (Steam & Epic Games Store) e vale muito a experiência!

Veja também: Skelethrone: The Chronicles of Ericona – Resenha

Rolar para cima