A Halberd Studios, um estúdio mexicano baseado em Guadalajara trouxe finalmente seu primeiro título, 9 Years of Shadows, para os consoles Xbox e PlayStation após sua estréia no PC e Switch ao longo de 2023.
Com um sucesso considerável no Steam, o game recebe mais elogios que críticas, porém o colorido e belo game distribuído foi uma excelente escolha da Jandusoft na sua sempre boa curadoria?
Vem que eu te conto!

Sobre o jogo
Viaje ao lado de Europa, uma corajosa guerreira determinada a entrar no gigante mecânico Talos para deter a corrupção em seu interior antes que ele engula o mundo na escuridão. Lute contra criaturas contaminadas, conheça músicos carismáticos e descubra a verdade por trás da maldição que tirou toda a cor da terra.
Muitos tentaram se aventurar nas profundezas distorcidas de Talos, uma fortaleza adormecida onde várias civilizações se estabeleceram ao longo dos séculos. E, depois de perder tudo o que lhe era caro, Europa não tem nada que a impeça de tentar o que os outros não conseguiram. Como uma nobre lutadora que se recusa a ficar presa à maldição, ela deve entrar no castelo, encontrar a fonte da corrupção e restaurar a cor de uma vez por todas.

Gráficos, Sons & Jogabilidade
No entendimento geral, 9 Years of Shadows é um jogo com belos gráficos no seu conceito e arte. Isso se mostra e se mantém na lembrança durante todo o decorrer do roteiro. O som é excelente e a trilha sonora é um dos pontos à se destacar neste conjunto trazendo as criações marcantes de nomes como Michiru Yamane (Castlevania), Norihiko Hibino (Metal Gear Solid) e Manami Matsumae (Mega Man, Shovel Knight). As músicas criam um climas distintos, com sua força narrativa expressando a calmaria em momentos tranquilos e tensão nos desafios e batalhas.
Os comandos são precisos, porém a escolha de comportamento e uso deles em mecânicas QTE por exemplo, eu ache uma má escolha. O movimento de esquiva poderia ser muito mais flído, mas ele depende única e exclusivamente de um posicionamento específico da personagem Europa.

No mapa de controles, tudo está bem diagramado e, mesmo após o tutorial inicial, a sensação é de que cada comando está bem posicionado, fácil de assimilar. E a assimilação, neste jogo, é um ponto-chave.
Falando sobre algo que me incomodou no mapa: a difícil navegação e interação. Todo mapa em metroidvanias exige uma navegação fluida, mas este não é o caso. Você precisa alternar entre diferentes mapas com frequência, e eles só são revelados à medida que se avança ou quando se encontra o recurso que revela sua totalidade, mostrando áreas antes ocultas e inacessíveis — mas que, por algum motivo, poderão ser revisitadas no futuro.
O problema é que não é possível marcar pontos-chave, o que dificulta lembrar exatamente onde retornar para explorar. Frustrante!












E o veredicto é…
9 Years of Shadows pode inicialmente te conquistar pela forma como introduz a história, o tutorial e até os chefes (que, em alguns casos, mais parecem subchefes). Mas, aos poucos, você vai notando o mau aproveitamento do material e a falta de criatividade. A história aborda temas interessantes e usa inclusive os diálogos e música para atingir com emoção ao espectador.
Embora o enredo comece e termine com força, nota-se que o meio do jogo não mantém o mesmo nível de desenvolvimento narrativo. Algumas partes parecem vazias, como se o ritmo e o sentido se perdessem. Há uma fragmentação que nos desconecta daquilo que está sendo contado: um mundo sem cor, uma heroína silenciosa (Europa) e um ursinho mágico que restaura a luz — tudo isso com uma forte carga simbólica.

Ainda assim, não consigo ver uma combinação natural entre ursos de pelúcia mágicos, música e cores. Para mim, soa forçado, talvez até medonho, como aquelas produções fracas e artificiais da Netflix que tentam parecer poéticas, mas falham.
Por outro lado, o jogo oferece momentos em que Europa compartilha breves, porém significativas, reflexões sobre perda, superação e isolamento. Esses trechos, mesmo curtos, têm densidade emocional e elevam a experiência narrativa em pontos-chave.
Já o sistema de energia e poder do jogo é interessante e único. Ele permite que saúde e magia coexistam em um único medidor. Assim, ao usar magia ou levar golpes, a barra diminui, mas, ao eliminar inimigos e se esquivar, ela se mantém cheia. Há um sistema de QTE disponível para recuperar saúde/magia rapidamente, mas achei bem difícil de se acostumar e acertar.

A forma simples de carregamento — seja com golpes ou segurando o botão de magia por alguns segundos — parece mais funcional, embora, em momentos críticos, seja difícil de usar, o que resulta em situações complicadas de administrar. Uma péssima escolha sobre a alternativa QTE, como já afirmei (ironicamente, contamos com a sorte, talvez).
Isso prejudica uma experiência de gameplay melhor, embora a gente sinta que a dificuldade seja equilibrada por um fator ou outro. Enquanto você estiver com o ursinho Alpino para te auxiliar, está tudo perfeito. Os chefes, no entanto, também apresentam problemas. A variedade e complexidade deles é pífia. Alguns têm um comportamento rigidamente padronizado, fazendo com que, em uma centena de segundos, seja possível vencê-los.
Ao mesmo tempo que suas singularidades são evidentes, seus padrões são tão fracos que os tornam incrivelmente fáceis. Há chefes com fraquezas baseadas em habilidades específicas, o que inicialmente pode sugerir um desafio maior, mas, no fim, tudo se resolve com facilidade, sem grandes batalhas complexas e desafiadoras. Coisas que, em poucos turnos, se resolvem.
Então, como primeito título, considere uma escola, um aprendizado para a Halberd Studios se aprimorar no seu próximo título que chega em breve.
9 Years of Shadows está disponível para PlayStation 4 & 5, Xbox One & Series S/X como também para PC (via Steam e Epic Games Store) e Nintendo Switch.
Veja também: Ashes of Elrant DLC (Chained Echoes) – Resenha